quinta-feira, 10 de março de 2011

Quaresma, tempo de exigência inovadora para a páscoa.

 Quaresma, tempo de exigência inovadora para a páscoa.
Pe.  Joaquim Cavalcante
Nesse primeiro domingo da Quaresma, contemplamos, por meio do Evangelho de Mateus, a cena em que Jesus, o Filho de Deus, é tentado por Satanás, no deserto. Devemos pensar que a simbologia do deserto define a situação da Igreja e de cada um de nós no mundo e na história. Revestidos do Espírito de Deus somos chamados a viver no mundo, sem ser do mundo. Somos tentados, constantemente, a nos encantar e perder nas realidades deste mundo. 
No deserto da história, somos tentados a cultivar uma fé que se horizontaliza perdida nos critérios do mundo. No deserto deste mundo, Cristo continua sendo tentado na pessoa de cada cristão. A força para resistir vem da Palavra de Deus e do Pão do Céu, a Eucaristia.
           Estou certo de que esta imagem bíblica, do deserto, nos introduz nos grandes mistérios das Catequeses Quaresmais deste ano. Pois nossa missão e “a missão da Igreja na sociedade em que vivemos se realiza na tensão de amar o mundo, sem se identificar com ele”. A razão é a seguinte: a mensagem de que a Igreja é portadora e tem a capacidade de surpreender, fascinar, seduzir e rasgar caminhos para o paradoxo da fé e da esperança.
O “deserto” onde é preciso rasgar caminhos novos, pode ser a sociedade em que vivemos, ela parece, cada vez mais, indiferente às exigências do Reino de Deus e a proposta do Evangelho.
 Assim, podemos dizer que a Quaresma é um lugar teológico e um tempo santo com exigência inovadora para a celebração da Páscoa de Cristo. Como lugar teológico, a Quaresma é caminho de intensidade espiritual.  Como tal, há um apelo profético pedindo o abandono progressivo da prática religiosa com acentuado cisma entre fé e vida.
Como tempo de conversão, a Quaresma incita o crente à coerência. Isso se dá na dinâmica da conversão que pede ternura, paciência, tolerância e audácia. A audácia motiva para rasgar caminhos e ultrapassar limites no seguimento de Cristo. A vida se transforma na pedagogia da sedução iluminada pela Palavra que salva e santifica.
A mística quaresmal exige que os cristãos aprofundem as razões da sua fé. Esta não é, apenas, um sentimento religioso ou uma tradição. A fé bíblica é adesão da inteligência e do coração e se fundamenta e apóia na razão.
O mundo é o nosso deserto. Por isso devemos vencer a tentação de transformar a fé em sentimento religioso intimista e sem incidência social que transforme o mundo.
Pe.  Joaquim Cavalcante é professor de teologia e Pároco de São Pedro e São Paulo.

Um comentário:

  1. Que nessa Quaresma, possamos fazem um bom preparo para Páscoa, e que nossas ações sejam refletidas em uma vida melhor, mais digna, transformando o mundo em que vivemos. Que nossas penitências, nossas orações sejam constantes, e que nunca se apague em nós a chama da fé, em busca da Salvação.

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