segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pentecostes, a Festa do Espírito Santo


Pe. Joaquim Cavalcante
Conforme a narrativa dos Atos dos Apóstolos, a Festa de Pentecostes é a visisualização do insondável mistério de Deus. Um antigo hino das Vésperas de Pentecostes da Liturgia Bizantina cantado depois da comunhão diz: “vimos a verdadeira luz, recebemos o Espírito celeste, encontramos a verdadeira fé, adoramos a Trindade indivisível, pois foi ela quem nos salvou” (CIC, 732). 
Na verdade, quando recebemos a Eucaristia, recebemos o Espírito Santo. Pois, é  por meio da ação do Espírito que a presença sacramental de Jesus é atualizada entre nós. Assim, o Espírito Santo a é a presença e a ação de Deus na realidade da Igreja e na vida de cada pessoa.
O mistério de Pentecostes refigura o invisível e enche o mundo daquela glória que Moises desejou ver. Moises disse: “rogo-te que me mostre a tua glória”. Ex 33,18. O Senhor o respondeu dizendo que faria passar diante dele a sua beleza. Sabe-se que o verdadeiro fulgor da beleza eterna se dá no esplendor do rosto do Verbo que se fez carne.
A encarnação do Verbo revela ao mundo o verdadeiro rosto e a verdadeira beleza de Deus. O Espírito Santo é o iconógrafo desse mistério inefável. Pela ação do Santo Espírito, o Verbo eterno se fez pessoa.  E, nele, contemplamos o rosto divino de Deus que assumiu nossa humanidade.
Celebrar o mistério de Pentecostes é celebrar o dilúvio do Espírito na Igreja e em nossa vida. Assim como no dia de Pentecostes, ele continua descendo e agindo no mundo. A ação do Espírito no dia de Pentecostes é descrita com traços semelhantes à teofania do Sinai (cf. Ex 19,16-20 e At 2). Tudo fala do mistério do mesmo Deus que na distinção de pessoas continua agindo na história, no mundo e na nossa existência. As “chamas de fogo” que desciam sobre as pessoas as tornavam incandescentes e repletas da luz inacessível.
O evento de Pentecostes é a configuração daquele fogo de que fala o Evangelho de Lucas “eu vim trazer fogo à terra e como eu gostaria que já estivesse aceso”!
Lc 12, 49. Na simbologia bíblica, as línguas de fogo são imagens visíveis da presença invisível do Espírito. Vale recordar que na sistematização do dogma trinitário e no Símbolo da fé, o Espírito procede do Pai e do Filho. Pentecostes é o cumprimento das promessas de Jesus aos seus discípulos. Com o Pai, ele o ressuscitado, dá o Espírito à sua Igreja, por meio da qual ele continua agindo no mundo, depois da sua ascensão ao céu.
Segundo J.  Moltmann, na sua obra “El Espiritu de la vida”, quando Jesus expressa seu desejo de trazer fogo à terra, ele não está aludindo a um incêndio apocalíptico do mundo e sim  a irrupção do reino de Deus mediante a efusão do Espírito Santo sobre toda carne” (p. 302).
A carne sobre a qual o Espírito foi derramado torna-se uma existência iluminada. Penso que, nesse sentido, quando o Apóstolo fala que o Espírito foi derramado em nosso coração Gl 4,6, acontece um verdadeiro Pentecostes existencial que suscita a êxtase espiritual.  Entendo êxtase espiritual como a imersão da totalidade do “eu” existencial na plenitude do “tu” trinitário. A existência é o lugar em que se manifestam as labaredas incandescentes do Espírito. Por isso ao longo dos séculos a Igreja solfeja as notas imortais do “Veni Creator”, um hino ao Espírito Santo. E com as palavras da primeira estrofe desse hino, gostaria de terminar esta reflexão. “Ó Espírito que suscitas o criado, penetra os teus fiéis em profundidade, derrama a plenitudeda graça nos corações que para ti criaste”.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sétimo aniversário de Dedicação da Igreja e consagração do Altar

No Dia Mundial de Oração pelas Vocações, solene adoração e bêncão do Sanítissimo Sacramento.
Início da celebração eucarística presidida por Dom Antônio Lino, nosso Bispo Diocesano.
A reverência ao altar, ícone da presença de Cristo fundamento da vida da Igreja. Todo altar resplandece a beleza cristã.
Incensação do altar e do crucifixo.
Sobre o altar o Evangeliário irradiando a unidade entre a Mesa da Palavra e a Mesa da Eucaristia.
A assembleia acompanha com júbilo pascal.
A  chama da vela,  símbolizando  do fogo do Espírito,  a luz  de Deus  irradia no testemunho da fé.
"Sim eu quero que a luz de Deus que um dia em mim brilhou jamais se apague..."
Iago, meu afilhado, acender uma vela é abraçar o compromisso de ser luz de Cristo no mundo.
Ser crismado é viver a experiência do dilúvio do Espírito.

 Cada chama reflete o esplendor da glória eterna.
Momento das preces dos fiéis
Início da procissão das oferendas.


O altar será ornado para o sacrifício, a Ceia, o festim real.
"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele".


" O pão do céu és tu Jesus, via de amor, nos trasformas em ti"
A catequista Maria das Graças, cercada dos crismandos, a alegria da missão cumprida.
Tessa Hope, nossa amiga da Inglaterra, sempre presente nos grandes momentos da vida da nossa comunidade paroquial. Thank you, Tessa and God bless!


João Miranda, irmão e companheiro. O grande tesoureiro, atuou do início até a inauguração da igreja.









Momento  final da celebração, saída da igreja.


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Páscoa, anúncio sem interrupção

Joaquim Cavalcante

Celebramos, nesse tempo, o ponto culminante da vida cristã: a páscoa de Cristo, nossa páscoa.  Com ele morremos, com ele ressuscitamos. “Se ressuscitastes com Cristo buscai as coisas lá do alto’ (Col 3,1-4). A Ressurreição de Cristo é o ponto de partida da existência, da vida e da missão cristã.
A ressurreição suscita o Kerigma e dá sentido a tudo que é cristão.  Por isso ela é o centro referencial da nossa fé e o núcleo original do anúncio no Novo Testamento.
O Apóstolo Paulo pregando aos Coríntios que tinham dificuldade em acreditar na ressurreição, disse: se Cristo não ressuscitou dos mortos, a nossa fé é vã. A fé dá sentido à existência. Crer é saber que existir não é um absurdo e morrer não é o fim. A morte é passagem, é páscoa. Não é a sentença última para não mais viver.
Por isso o tema central do anúncio cristão sempre foi a ressurreição de Cristo. O mistério da páscoa é afirmação de que Cristo está vivo, e nele e por ele, podemos alcançar a plenitude da vida.
Ele é o vivente e Senhor da vida. Para isso ele veio ao mundo e declarou: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
Mas o que é a vida em abundancia? É a vida de Deus, é a vida do alto aqui na terra. Melhor dizendo, é deixar a vida da terra, no ritmo do efêmero, impregnar-se do eterno.  A exortação litúrgica, “Corações ao alto”, significa exatamente isso. E quando dizemos: “nosso coração está em Deus”, expressamos o desejo de que nosso agir e viver sejam movidos pela soberana vontade do Altíssimo. Sabemos que nem sempre agimos como desejamos e nem sempre desejamos como devemos agir. O ser humano é lindo, mas é complexo.  Em meio a tudo isso, a páscoa de Cristo vai como que tonificando e dando sentido a existência humana.  Ele é o A e o Z, vida que traz sentido e resposta ao homem, mesmo diante do inevitável fenômeno da morte.
A tradição cristã compreende a páscoa como a verdadeira síntese e o ponto ápice de todas as dimensões da missão messiânica e salvífica de Jesus.  A luz do ressuscitado penetrou as fendas das cavernas do “sheol” e chegou até as profundezas da mansão dos mortos. De lá, a começar por Adão e Eva, ele levantou e tirou todos os que estavam “mergulhados nas trevas e na sombra da morte”. Só ele é o vivente que pode dizer: “eu sou a vida dos mortos”. Por conseguinte, quem crê em mim “ainda que esteja morto viverá”.
O homem sempre temeu a morte. Ele a vê como possibilidade de não mais viver. A páscoa de Cristo dá um sentido novo a todas as coisas. Morrer não é deixar de viver é deixar de existir neste mundo para viver com Cristo ressuscitado. Ele é a ressurreição e a vida em plenitude. Na morte e ressurreição de Cristo, o homem encontra a razão para viver e o sentido para sua morte. A morte deixa de ser fim, é páscoa para infinitizar-se.
Hoje, mais do que nunca, o kerigma ressurrecional é uma exigência que se impõe à vida cristã. O modelo multicultural do atual momento em que estamos vivendo pede-nos maior convicção e audácia.
Muitos cristãos, entre os quais alguns jovens, têm dificuldade em acreditar na ressurreição de Cristo. Alguns preferem adaptar os princípios da revelação bíblica e as exigências da fé às conveniências humanas. Dessa forma, a natureza pascal da vida cristã perde seu fulgor. E a ressurreição de Cristo é privada do seu sentido. E, sem esse sentido, o homem corre o risco de perder-se em si mesmo. Por isso a páscoa deve ser um anúncio sem interrupção.