sexta-feira, 6 de maio de 2011

Páscoa, anúncio sem interrupção

Joaquim Cavalcante

Celebramos, nesse tempo, o ponto culminante da vida cristã: a páscoa de Cristo, nossa páscoa.  Com ele morremos, com ele ressuscitamos. “Se ressuscitastes com Cristo buscai as coisas lá do alto’ (Col 3,1-4). A Ressurreição de Cristo é o ponto de partida da existência, da vida e da missão cristã.
A ressurreição suscita o Kerigma e dá sentido a tudo que é cristão.  Por isso ela é o centro referencial da nossa fé e o núcleo original do anúncio no Novo Testamento.
O Apóstolo Paulo pregando aos Coríntios que tinham dificuldade em acreditar na ressurreição, disse: se Cristo não ressuscitou dos mortos, a nossa fé é vã. A fé dá sentido à existência. Crer é saber que existir não é um absurdo e morrer não é o fim. A morte é passagem, é páscoa. Não é a sentença última para não mais viver.
Por isso o tema central do anúncio cristão sempre foi a ressurreição de Cristo. O mistério da páscoa é afirmação de que Cristo está vivo, e nele e por ele, podemos alcançar a plenitude da vida.
Ele é o vivente e Senhor da vida. Para isso ele veio ao mundo e declarou: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
Mas o que é a vida em abundancia? É a vida de Deus, é a vida do alto aqui na terra. Melhor dizendo, é deixar a vida da terra, no ritmo do efêmero, impregnar-se do eterno.  A exortação litúrgica, “Corações ao alto”, significa exatamente isso. E quando dizemos: “nosso coração está em Deus”, expressamos o desejo de que nosso agir e viver sejam movidos pela soberana vontade do Altíssimo. Sabemos que nem sempre agimos como desejamos e nem sempre desejamos como devemos agir. O ser humano é lindo, mas é complexo.  Em meio a tudo isso, a páscoa de Cristo vai como que tonificando e dando sentido a existência humana.  Ele é o A e o Z, vida que traz sentido e resposta ao homem, mesmo diante do inevitável fenômeno da morte.
A tradição cristã compreende a páscoa como a verdadeira síntese e o ponto ápice de todas as dimensões da missão messiânica e salvífica de Jesus.  A luz do ressuscitado penetrou as fendas das cavernas do “sheol” e chegou até as profundezas da mansão dos mortos. De lá, a começar por Adão e Eva, ele levantou e tirou todos os que estavam “mergulhados nas trevas e na sombra da morte”. Só ele é o vivente que pode dizer: “eu sou a vida dos mortos”. Por conseguinte, quem crê em mim “ainda que esteja morto viverá”.
O homem sempre temeu a morte. Ele a vê como possibilidade de não mais viver. A páscoa de Cristo dá um sentido novo a todas as coisas. Morrer não é deixar de viver é deixar de existir neste mundo para viver com Cristo ressuscitado. Ele é a ressurreição e a vida em plenitude. Na morte e ressurreição de Cristo, o homem encontra a razão para viver e o sentido para sua morte. A morte deixa de ser fim, é páscoa para infinitizar-se.
Hoje, mais do que nunca, o kerigma ressurrecional é uma exigência que se impõe à vida cristã. O modelo multicultural do atual momento em que estamos vivendo pede-nos maior convicção e audácia.
Muitos cristãos, entre os quais alguns jovens, têm dificuldade em acreditar na ressurreição de Cristo. Alguns preferem adaptar os princípios da revelação bíblica e as exigências da fé às conveniências humanas. Dessa forma, a natureza pascal da vida cristã perde seu fulgor. E a ressurreição de Cristo é privada do seu sentido. E, sem esse sentido, o homem corre o risco de perder-se em si mesmo. Por isso a páscoa deve ser um anúncio sem interrupção.

Um comentário:

  1. O ser humano não pensa que pode esta morto, sem ter morrido de fato, pois a forma que ele vive os deixa cego para vida eterna com DEUS.
    Os jovens tem dificuldades em acreditar na ressurreição de Cristo, porque a cultura que vivência não transmitiu uma revelação diferente, mas isto esta mudando aos poucos os jovens são membros ativos da igreja e representam o seu futuro, eles necessitam de mestre que os acompanhem para conhecer mais o sentido da vida cristã.

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