Pe. Joaquim de Jesus
Rocha Cavalcante
Introdução:
1.
Gostaria de iniciar esta
reflexão procurando compreender o conceito de ícone e de epifania.
Ícone é uma figura, é uma imagem que remete para além do que se vê. A palavra
ícone vem do grego “eikon” que indica
imagem sagrada.
A teologia da imagem sobre a qual se
inspira a arte iconofráfica tem seu fundamento na narrativa bíblica da criação:
o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). Esta imagem é o
fundamento da nossa dignidade.
Cristo é a imagem do Deus invisível
(Col 1, 15), é o primogênito de todos, a cuja imagem devemos conformar-nos (Rm
8,29). Ora se fomos configurados a Cristo pelo batismo e se a ele devemos
conformar-nos em tudo, então somos ícone de Cristo.
Um ícone se impõe pelo seu valor
pedagógico e sentido teológico. Já dizia São João Damasceno: ‘aquilo que a
palavra é para os ouvidos, o ícone é para os olhos” (citado por J, Castellano
Cervera, Icona, in Dizionario di omiletica Roma ,
1998, 688-691. Cf. De Sacris
imaginibus orationes 1,17 = PG 94,1248).
2. A segunda palavra provocativa atribuída
à nossa pessoa é epifania. Também ela
vem da língua grega “epiphàneia” que
significa manifestação.
A verdadeira epifania se dá em Cristo que manifestou, a todos os povoa na pessoa
dos magos, a salvação de Deus.
Portanto, eifania é revelação. Melhor dizendo, é ação revelatória que
refigura e dá visibilidade o invisível. Nesse sentido, o menino da manjedoura é
a refiguração da glória escatológica na rústica gruta de Belém (Mt 2,1-12).
Penso que essas considerações nos
ajudam a entrar no verdadeiro sentido do tema principal da nossa meditação: “Ministros
da eucaristia, ícone e epifania do Cristo servidor”.
O tema é provocativo e despertar no
silencio da nossa existência dois sentimentos: o desejo de ser o que devemos
atingir e a certeza de que muito nos falta para atingir o que desejamos.
O texto que escolhi para orientar nossa
reflexão é tirado do Evangelho de São João 12, 20-33.
Este texto foi proclamado
no quinto domingo da Quaresma, deste ano. Alguns gregos queriam ver Jesus.
Foram até Felipe de Betsaida na Galiléia. Felipe chamou André e os dois foram
falar com Jesus. Jesus fala de sua glória a partir morte do grão de trigo. Vamos
entrar no texto considerando três partes dele: Parte I.
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