quinta-feira, 7 de julho de 2011

Homilia na Solenidade dos Santos Apostóstolos Pedro e Paulo

Homilia na solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo
Pe. Joaquim Cavalcante
“Pedro, tu me amas? Sim Senhor, tu sabes que te amo. Apascenta as minhas ovelhas”.
O amor não é um mero conceito fruto do imaginário humano. O amor é um legado da fé.  Quando o amor é movido pela fé leva o homem a abraçar responsabilidades infinitamente maiores que suas condições e possibilidades.
Quem poderia imaginar que um frágil pescador das margens solitárias do mar da Galileia pudesse ser escolhido para presidir a Igreja, neste mundo em nome do Filho de Deus? Fico impressionado diante deste texto que acabamos de ouvir, porque Jesus não perguntou se Pedro tinha algum doutorado em teologia, não perguntou se Pedro era poliglota, não perguntou se Pedro era experto em economia e administração, não perguntou se quer se Pedro era um bom pescador.
Antes de confiar a um homem a maior responsabilidade na Igreja isto é, a grave responsabilidade de presidi-la em nome dele, Jesus quis obter de Pedro a certeza da fé pela confissão publica do amor.
O amor sem a fé pode ser manifestado publicamente, da mesma forma em que publicamente ele pode ser traído. Só Deus é fiel no amor. O amor não nos isenta das fraquezas humanas, ele nos dá força para sermos ousados na fé, apesar das fraquezas.
É verdade que esse risco aconteceu com Pedro antes que a sua fé fosse tocada pelo mistério da páscoa de Cristo.
No evangelho que acabamos de ouvir, Pedro, por três vezes, garante que ama a Cristo, mas no momento da provação, às portas do Cinéreo de Jerusalém, por três vezes, nas primícias daquela madrugada grávida de sangue e terror, interrogado por um dos soldados romanos, ele disse categoricamente que não conhecia Jesus e que não fazia parte do grupo daqueles que o seguiam.
O drama de Pedro na confissão e na oscilação da fé pode ser o drama de cada um de nós aqui dentro desta Igreja. Ás vezes, dizemos que cremos e amamos, outras vezes, negamos e traímos. Assim é o ser humano, mas Deus nunca deixou de confiar em nós.
Comovente é o outro diálogo entre Jesus e os discípulos narrado pelo Evangelista Mateus (Mt 16,13-19).  Jesus os interroga sobre o que diziam as pessoas sobre ele. Pedro toma a palavra como intérprete da fé do grupo apostólico e faz a confissão universal da fé cristã e da fé da Igreja dizendo: “tu és o Cristo o Filho do Deus vivo”.
Jesus faz um belíssimo elogio a Pedro dizendo “não foi a carne nem a vontade humana que ti revelaram isso, mas meu Pai que está no céu, por isso eu te declaro: tu és Pedro e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja”.
Meus irmãos, os homens fracionaram o cristianismo e criaram múltiplas igrejas, Cristo não disse minhas igrejas, ele criou uma e a chamou de “minha Igreja”.
Escolheu Pedro para ser o seu legítimo representante no governo da Igreja, Pedro foi o primeiro Papa e na ininterrupta sucessão Apostólica Pedro, hoje, é Bento XVI. Não podemos celebrar esta Solenidade litúrgica sem pensar no ministério e na pessoa de Pedro refigurada na pessoa e no ministério do Bispo de Roma, o Papa Bento XVI. 
A Igreja não é santa por causa das pessoas que a conduzem aqui na terra, a Igreja é santa porque ela é de Cristo. Por isso podemos dizer com a convicção da fé: “creio na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica”.
São muitos os que já traíram a Cristo na Igreja, nem por isso ela deixa de ser de Cristo. A Igreja é de Cristo não pela fidelidade das pessoas a Cristo e sim pela fidelidade de Cristo à Igreja. Tal fidelidade, devemos corresponder até à morte se necessário for. Cada vez que somos chamados a exercer algum serviço na comunidade, o Senhor continua dando prova do seu infinito amor e da sua confiança para com cada um de nós.
Hoje, alguns meninos passarão a servir o altar do Senhor como acólitos e alguns adultos passarão a fazer parte do Conselho Administrativo Paroquial. Como é bonito ver os fiéis exercendo alguma função na comunidade. Cada serviço assumido é uma forma de viver a vocação batismal. É uma maneira de seguir e servir ao Senhor.
O Evangelho que acabamos de ouvir termina com o convite de Jesus: “segue-me’”. Nossa fé e o nosso amor ao Senhor só amadurecem no seguimento. Primeiro ele nos convida a segui-lo, depois ele nos pergunta se o amamos, por último ele nos convida a assumir uma função na sua igreja, um serviço na comunidade da qual fazemos parte.  Pedro aceitou apascentar o rebanho do Senhor e nós estamos fazendo a nossa parte???


Um comentário:

  1. Neste evangelho o que nós fiéis temos que dizer é : "Eís me aqui senhor"......
    Se cada um servir com compromisso assim estaremos fazendo a nossa parte. Parabéns por suas maravilhosas e serventias palavras.

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