quinta-feira, 23 de junho de 2011

Eis o Mistério da fe!



               Pe.  Joaquim Cavalcante
Nesta semana, celebra-se a festa de Corpus Christi, a festa do mistério em torno do qual gira a vida da Igreja. A missa seguida de uma solene procissão não é nem ostentação, nem triunfalismo, é testemunho, é manifestação de compromisso pessoal e eclesial com o Senhor que deu a vida para que o mundo tenha a vida em plenitude. A vida plena é a vida em Cristo.
Celebrar é tocar o mistério com as próprias mãos. O mistério pensado e sistematizado no dogma e na teologia é celebrado na liturgia como mistério fascinante. Emocionar diante do mistério é pouco. Toda inteligência se aterra e todo joelho se dobra diante dele.
O mistério da Eucaristia é a clareira aberta, é presença que interpela em estado sacramental, o infinito impensado resplandece no fragmento do papão e na fragrância do vinho. Quanto mais simples é a beleza, mais o mistério resplandece.
Na forma sacramental do pão e do vinho o mistério se explicita. Não é enigma, é clareira do Aberto, como dizia Heidegger, aonde a presença vai se desvelando. O desvelamento do mistério suscita o desejo de degustar o eternamente divino e santo. “Provai e vede quão suave é o Senhor”! (Sl 33). Convite irresistível para quem já fez a experiência. Apelo estendido a todo viandante pelas sendas do mundo. O mistério degustado tem o sabor da fé professada no ritmo da vida que exala testemunho e no rito da páscoa que a Igreja celebra e atualiza, no mundo, todo dia, do nascer ao por do sol.
A patena, como diz Teilhard de Chardin, contém todo o mundo. Pequeno prato que traz dentro de si o pão que era grãos colhidos dos trigais aos pés das montanhas, campos e outeiros. No cálice está o vinho dádiva das parreiras cultivadas pelas mãos humanas por entres baixadas e altiplanos de alguma parte do mundo. Pão e vinho são frutos da terra e do trabalho humano. Eucaritizados são alimentos para a vida eterna.
Olho a patena e a elevo com as mãos trêmulas vendo nela o trono do paradoxo da fé. A unidade do pão fracionado que se eleva sobre o altar evoca comunhão em meio ao mundo dilacerado pela guerra e a violência. O pão do céu é partido e distribuído para unir os dispersos e divididos. Ele fortalece os enfraquecidos levanta os  caídos.
O mistério da fé é o mistério da Trindade e da Igreja. É o mistério da divina liturgia centrado na pessoa do Cordeiro imolado e ressuscitado.
Ó sagrado convívio (sacrum convivium), já dizia Santo Tomás de Aquino: “com devoção te adoro, latente divindade, que, sob essas figuras, te escondes na verdade”. Mistério insondável, pão santificador, mistério infinito, despertai em nós o irresistível desejo de gritar: “Senhor, fazei de nós um só corpo e um só espírito”.

Um comentário:

  1. É da eucaristia que tiramos força para levar diante nossa existência cristã, na fé e na caridade.
    Parabéns adorei muito sua explanação da festa do mistério em torno do qual gira a vida da Igreja na expressão do amor e da fé do povo de Deus à Santíssima Eucaristia.

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