domingo, 20 de fevereiro de 2011

Conferencias: Filosofia e Educação

Pensar é o eixo da aprendizagem II
Pe.  Joaquim Cavalcante
Conforme prometido, estamos continuando nesta edição nossa reflexão sobre o tema “pensar o eixo da aprendizagem”.
 Para Platão e Aristóteles, protagonistas da sistematização do pensamento filosófico, nós começamos a pensar quando sentimos uma experiência estranha diante da realidade. Toda realidade ou objeto causa um reflexo surpreendente ao observador pensante. Essa realidade pode ser o mundo, a vida e todos os fenômenos do universo.
O que causa surpresa e admiração ao nosso conhecimento ou senso comum nos faz ver os limites do nosso pensar. Nesse momento inaugura-se nosso filosofar. Quando sabemos que não sabemos, passamos a investigar a realidade que nos interpela e começamos a repensá-la. Filosofar é ver além da realidade. É incitar o desejo da superação da cegueira.  Nesse prisma, a conhecida Alegoria da Caverna é um bom exemplo para compreender a necessidade de superação do óbvio cristalizada como verdade absoluta.
Pergunta-se: qual é o problema da cegueira? A cegueira intelectual leva a pensar que tudo o que se sabe é tudo o que há para saber. (Sardi, S. Filosofar, um modo especial de ver e de viver, in Jornal Mundo Jovem, outubro 2010, n. 10). Assim solidificamos a ignorância.
Por isso vejo a sala de aula como lócus permanente da produção emergente do conhecimento e do exercício do pensar. Ela não é um espaço destinado à aglomeração, é lugar da ampliação do conhecimento e da produção cientifica coletiva.
Todo saber deve ser revertido em uma práxis. E todo agir deve ser fruto de um pensar. A ação é a operacionalidade do pensar, é o saber consumado. O saber se exprime na vivência empírica natural. Mas a experiência é uma forma a mais de explicitar o conhecimento, não é um paradigma único nem absoluto.
O saber é uma necessidade. É uma estratégia e um apelo da vida e da razão.  É uma emergência antropológica e uma necessidade da espécie humana. Pensar é a forma pertinente de transcendentalizar o ser pensante.
O “cogito logo existo” pode ser um apelo a transcender o real e perceptivo, é um eco que tematiza a total descentração do sujeito pensante absolutizado. Os estereótipos da visão existencialista não anulam a capacidade de reinvenção do sujeito na busca irrequieta por transcendência.
Portanto, pensar é colocar em movimento nossas experiências e intuições, é construir caminhos que dêem potencialidade e significado o sentido da vida.
Pe. Joaquim Cavalcante: Pároco de São Pedro e São Paulo e professor de teologia.



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